terça-feira, 25 de setembro de 2007

ERA VARGAS O EXPRESSO DA VITORIA

Durante a gestão do presidente Getúlio Vargas, o mesmo costumava realizar no estádio de São Januário, então o maior do Rio de Janeiro, seus principais discursos.

No ano de 1940, o Vasco conquistou a Taça Luís Aranha, disputada com o San Lorenzo e o Independiente, ambos da Argentina. Depois desse título, o time passou um considerável tempo sem conquistar nada, até a formação de um grande time: o "Expresso da Vitória", uma equipe quase imbatível na época. Tamanho foi seu sucesso, que o Vasco utilizou um time B, chamado expressinho, para excursionar pelo Brasil. O apelido teria surgido em um programa de calouros da Rádio Nacional, onde um calouro dedicou sua música ao clube e o chamou por esse apelido.

O Expresso começou a se formar quando a diretoria contratou o técnico uruguaio Ondino Vieira para acabar com o jejum de títulos. Vieira chamou para o elenco vascaíno jovens e desconhecidos jogadores, como Augusto, Eli, Danilo, Ademir, Lelé, Isaías e Jair. Com esses, foi formado a base do Expresso.

O Vasco então voltou a conseguir resultados expressivos. Em 1944 venceu o Torneio Relâmpago superando os cinco grandes da época (Flamengo, Fluminense, América e Botafogo). Em seguida, ganhou o Torneio Municipal, contra os mesmo clubes e outros do Rio de Janeiro.

No Carioca do ano seguinte, um verdadeiro show. Diversas goleadas (como os 9 a 0 no Bonsucesso, maior goleada do campeonato) e um empate em 2 a 2 com o Flamengo foram suficientes para o título invicto.

Em 1946, uma grave perda: Ademir ira para o Fluminense. E como Gentil Cardoso, técnico tricolor falara, "Dêem-me Ademir que lhes dou o campeonato", o Fluminense realmente ficou com o Carioca daquele ano. Para compensar os vascaínos, o clube conquistou novamente o Torneio Relâmpago e o Torneio Municipal.

Em 1947, o Vasco formou um ataque de espantar: Djalma, Maneca, Friaça, Lelé e Chico. Foram 40 gols em apenas 10 partidas, e 68 no total, em vinte partidas. O time também impôs a maior goleada da fase profissional do futebol carioca: 14 a 1 no Canto do Rio. O Vasco ficou então novamente o título invicto, sete pontos à frente do segundo colocado, o Botafogo.

Em 1948, Ademir voltava ao time. Neste ano o Vasco foi convidado a participar, como campeão estadual, do Campeonato Sul-Americano de Campeões. Além do Vasco, estavam lá grandes potências da época, como o temido River Plate de Di Stéfano, apelidado na Argentina de La Maquina (A Máquina) e favorito ao título, além de Nacional do Uruguai e Colo-Colo do Chile.

Depois de quatro vitórias e um empate, o último jogo seria contra o River Plate. Um empate bastaria para o Vasco, que não tinha Ademir, que se machucara no primeiro jogo do torneio. Foi uma partida nervosa. O goleiro Barbosa brilhou mais uma vez, defendendo um pênalti do argentino Labruna no final da partida. O juiz ainda anulou no primeio tempo um gol legítimo vascaíno. Partida terminada, o Vasco empatava em 0x0 e era campeão Sul-Americano, o maior título do clube até a conquista da Libertadores em 1998.

Em 1949, mais um ano de alegrias. Heleno de Freitas vinha para o ataque vascaíno, que produziu várias goleadas no estadual. Foram 84 gols em vinte partidas, um recorde para a época. O grande rival Flamengo, que desde 1944 não ganhava do Vasco, voltou a sofrer com o time da colina. Em plena Gávea os rubro negros fizeram 2x0 e já davam como certa a vitória. O Vasco, porém, voltou arrasador no segundo tempo e virou o placar para 5 a 2.

No final, mais um título invicto, o quarto do Vasco.

O desmanche do Expresso e a tragédia de 50

Em 1950, ano de Copa do Mundo, o Brasil se preparava para um esperado primeiro título mundial. O Vasco tinha ampla presença na seleção. A começar pelo técnico brasileiro: Flávio Costa, também técnico vascaíno. Do time titular, cinco jogavam no Vasco: Barbosa, Augusto, Danilo, Chico e Ademir. O fato acabou rendendo muitas críticas a Flávio Costa, que foi acusado de favorecer os jogadores do Vasco em detrimento dos demais na escalação da seleção.

Contudo, a 16 de Julho, era o Uruguai a tornar-se campeão. Um silêncio tumular se abatia sob o Maracanã. Mais tarde, um jogador vascaíno acabou virando o bode expiatório da derrota: o goleiro Barbosa. Tendo falhado no primeiro gol (umas das poucas falhas graves de sua carreira) e, acredita-se, principalmente por ser negro, Barbosa acabou sendo apontando pelo povo e pela crítica como o principal culpado pelo resultado.

Mas Barbosa, mesmo abatido, continou. E levou o Vasco a mais um título carioca em 50. Logo na estréia, um 6 a 0 sob o São Cristóvão. Mais algumas goleadas, como o 7 a 2 no Bonsucesso e o 7 a 0 no Canto do Rio, e na final, contra o América, uma vitória de 2x1 e o troféu para casa.

Em 1951 o Expresso começou a dar sinais de cansaço. O time não passou de um sétimo lugar no Torneio Rio-São Paulo e de um quinto no Carioca.

No ano seguinte deu-se a volta por cima. Com o técnico Gentil Cardoso, o Vasco chegou ao vice no Rio-São Paulo e venceu novamente o Carioca por antecipação, derrotando o Bangu por 2 a 1. Nessa partida estreou o sucessor de Ademir no ataque: Vavá, que ficaria conhecido como o Leão da Copa em 1962.

Terminava assim o Expresso da Vitória, até hoje considerado o maior elenco da história vascaína.

Em 1953 era hora de renovação. Além de Vavá, Bellini, Sabará, Pinga e outros jogadores haviam sido incorporados ao time titular. Mais um título importante veio para o time cruzmaltino, o Torneio Octogonal Rivadavia Corrêa Meyer.

E aquele time começou com o pé direito. No Quadrangular Internacional, no início do ano, - disputado com o Boca Juniors e o Racing, ambos da Argentina e o Flamengo - o Vasco levou a melhor, goleando os rubro-negros em 5x2.

Em seguida uma viagem ao Chile para disputar o Torneio Internacional de Santiago. No final, venceu o Colo-Colo por 2 a 1 sagrando-se campeão.

Os anos de 1954 e 1955 foram decepcionantes para o clube. Talvez em parte por ser um time ainda em formação, não passou de um quinto e sétimo lugares no Rio-São Paulo, e um terceiro e quarto lugares no Carioca.

Em 1956, veio então o Campeonato Carioca de Futebol. O time vascaíno vinha motivado a não dar o prazer ao grande rival de conseguir o inédito tetra. Na penúltima rodada, um jogo crucial contra o Bangu que contava com Zizinho entre suas estrelas. O jogador, porém, foi expulso por ofensas ao juiz, e o Vasco ganhou o jogo por 2 a 1. Na última rodada bastou um empate com o Olaria para garantir o título.

Em 1957 a equipe voltou a respirar ares internacionais. Foi na Pequena Copa do Mundo, uma competição em Caracas, Venezuela. Participaram do torneio verdadeiras potências futebolísticas da época, como Real Madrid, Roma e o time português Porto. Depois de um empate em 2 a 2 e uma vitória de 2 a 0 sob os madrilenhos, mais um título vinha para São Januário.

Ainda em 1957, o Vasco da Gama escrevia duas páginas inesquecíveis na sua história; a primeira, ao derrotar o Real Madrid de Di Stefano por 4 a 3, na final do Torneio de Paris (Mundial de Clubes); a segunda, ao impor ao Barcelona de Evaristo de Macedo uma das maiores goleadas, se não a maior, sofrida pelos catalães em seu estádio "Nou Camp", por 7 a 2.

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